quarta-feira, 22 de julho de 2009

ARTIGO DESTA SEMANA (24/07/2009)


AME, E DEIXE-SE AMAR


Infelizmente, tenho que refletir com os senhores hoje o fruto das minhas últimas reflexões: somos muito grandes para nos considerarmos pequenos. Chaplin já dizia que a vida é extraordinária demais para ser insignificante. E Cristo Jesus, Nosso Senhor, insiste em lembrar que somos amigos e não servos. Esta proximidade com Ele, particularmente aos que têm fé, deveria ser fundamental na resolução de alguns tipos de problemas. Quando não nos amamos, nem aos outros, nos sentimos pequenos e consideramos a vida insignificante.

Bem verdade que às vezes bate um desânimo que toca o mais profundo da alma, mas, se observarmos bem, esse sofrimento certamente não é da profundidade que imaginamos, mesmo que as circunstâncias sejam as mais adversas possíveis.

Não que eu queira aqui minimizar a dor de ninguém. Afinal, só sabe quem sofre, da mesma forma que só sabe o limite do próprio sofrimento quem o sente. Somente eu sei o quanto sofro e até o quanto posso suportar – a partir daí, sei que o sofrimento pode me tirar do controle e da sã consciência, fazendo com que eu possivelmente nem mesmo responda pelos meus atos. O que quero, sim, destacar, e deixar bem claro, é que nós somos portadores de uma capacidade formidável de soerguimento a partir de tomadas de atitudes pessoais, com a de amar-se um pouco mais e, a partir daí, amar o próximo com um amor desinteressado. Amor atrai amor.

Esta capacidade não é uma espécie de botão on-off, que está aí, à disposição do nosso dedo, e que pode ser acionado ao nosso gosto. Sei muito bem que é difícil, mas também sei que é muito mais penoso manter-se numa postura de estagnação psicológica e física que não conduz a lugar algum.

A vida é muito bonita.

A natureza tem infinitas e surpreendentes maneiras de devolver ao esgotado as energias desperdiçadas. Os sons que dela emanam ajudam no processo de religamento consigo mesmo: o coaxar do sapo no alagado, o cantar da graúna na árvore, o sopro do vento que faz aquele assovio nas frestas da janela, a visão da garça que graciosamente faz sua trajetória de voo.

Religar-se, este é o segredo da restauração das energias. Este é o segredo que nos devolverá o encanto pela vida e a sensação de que somos grandes, sim; não maiores, nem menores, nem iguais que os outros, com certeza diferentes. Temos que conseguir isto: reencantar-se pela a vida, reapaixonar-se pelas coisas simples que antes fazíamos e hoje, pela falsa desculpa da falta de tempo, não fazemos mais. Temos tempo para tudo e para todos (amando falsamente), menos para nós e para nossa saúde física e psíquica.

A vida precisa ser vivida exatamente porque somos grandes e porque fomos considerados dignos de receber de Deus tão formidável presente: essa singularidade que faz de uma pessoa única no mundo seja física, psicológica ou espiritualmente.
Pessoas há que perderam a paixão e, pior, o amor pela vida por causa de outras que não se amam mais ou que já perderam o conceito positivo que tinham de si mesmas e possuem, agora, o objetivo de destruir as demais. Isto não pode acontecer nem de um lado nem de outro. Nem pessoas amortizadas em seu vigor vital, nem pessoas destruidoras pela inveja, pela ganância, pela vil torpeza.

Amar é o segredo. Amar indistintamente. Amar com o coração livre. Amar com a convicção de que o bem está sendo feito, sem busca de compreensão, ou de retribuição. Fácil? Não! Difícil! Pois próprio da nossa natureza, falha, é verdade, ser egoísta, buscar para si algo que lhe satisfaça.

Mas, este detalhe não é motivo para deixar de amar e de resgatar o embelezamento pela vida, própria e a dos outros. Somos todos grandes, belos e extraordinários.

Ame! E deixe-se amar.

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