sexta-feira, 24 de julho de 2009

O PAÍS DAS MARAVILHAS


Do site do Cláudio Humberto em 24 Jul

QUEM MANDA NÃO TER BIOGRAFIA?
Por Carlos Chagas


Mais do que os diálogos gravados da família Sarney, acima e além das ameaças feitas pelo presidente Lula ao Ministério Público - a semana vai terminando com a farsa da queda dos juros, de 9.25% para 8.75% ao ano. A gente fica pensando se os detentores do poder não se envergonham de encenar farsas como essas ainda há pouco verificadas.

Se alguém duvidava, não duvida mais de que a família Sarney tinha o Senado como propriedade particular, administrado de acordo com seus interesses e seus caprichos. Depois de exonerado um neto do ex-presidente, certamente para galgar outros patamares, foi nomeado o namorado de outra neta, secretamente, para o quadro de funcionários. Fora muitas outras iniciativas de nepotismo explícito.



Em matéria de inusitados, o presidente Lula não ficou atrás, na ânsia de defender José Sarney e, de tabela, assegurar o apoio do PMDB para a candidatura Dilma Rousseff. Na posse do novo Procurador-Geral da República, alertou para o fato de que o Congresso poderá mudar a Constituição e retirar atribuições do Ministério Público, caso os promotores e procuradores não levem em consideração a biografia dos investigados e denunciados. Quer dizer, quem tem biografia deve integrar a lista dos privilegiados. Quem não tem, que se dane.



Pior, no entanto, fez o Banco Central, com a conivência do governo inteiro, ao anunciar mais uma redução na taxa de juros. Nas aparências, bela iniciativa, capaz de injetar otimismo na economia, com meio ponto a menos nos juros. Só que com um detalhe: sem a menor interferência na vida do cidadão comum ou, muito menos, nenhum arranhão na farra dos bancos. Porque quem utiliza o cartão de crédito não pagará 8.75% de juros, mas o indecente percentual de 263% ao ano. Um pouquinho menos para os que entram no cheque especial.



Traduzindo: a queda nos juros continua beneficiando apenas os poderosos, aqueles que celebram altos contratos e lançam-se em mega-operações duvidosas. O coitado que precisou pagar a operação de um filho ou enfrentar a alta nas mensalidades escolares permanecerá submetido a um dos mais abomináveis assaltos do sistema financeiro. Também, coitado, não tem biografia nem parentes empregados no Senado...

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