Do site do Cláudio Humberto em 24 Jul
QUEM MANDA NÃO TER BIOGRAFIA?
Por Carlos Chagas
QUEM MANDA NÃO TER BIOGRAFIA?
Por Carlos Chagas
Mais do que os diálogos gravados da família Sarney, acima e além das ameaças feitas pelo presidente Lula ao Ministério Público - a semana vai terminando com a farsa da queda dos juros, de 9.25% para 8.75% ao ano. A gente fica pensando se os detentores do poder não se envergonham de encenar farsas como essas ainda há pouco verificadas.
Se alguém duvidava, não duvida mais de que a família Sarney tinha o Senado como propriedade particular, administrado de acordo com seus interesses e seus caprichos. Depois de exonerado um neto do ex-presidente, certamente para galgar outros patamares, foi nomeado o namorado de outra neta, secretamente, para o quadro de funcionários. Fora muitas outras iniciativas de nepotismo explícito.
Em matéria de inusitados, o presidente Lula não ficou atrás, na ânsia de defender José Sarney e, de tabela, assegurar o apoio do PMDB para a candidatura Dilma Rousseff. Na posse do novo Procurador-Geral da República, alertou para o fato de que o Congresso poderá mudar a Constituição e retirar atribuições do Ministério Público, caso os promotores e procuradores não levem em consideração a biografia dos investigados e denunciados. Quer dizer, quem tem biografia deve integrar a lista dos privilegiados. Quem não tem, que se dane.
Pior, no entanto, fez o Banco Central, com a conivência do governo inteiro, ao anunciar mais uma redução na taxa de juros. Nas aparências, bela iniciativa, capaz de injetar otimismo na economia, com meio ponto a menos nos juros. Só que com um detalhe: sem a menor interferência na vida do cidadão comum ou, muito menos, nenhum arranhão na farra dos bancos. Porque quem utiliza o cartão de crédito não pagará 8.75% de juros, mas o indecente percentual de 263% ao ano. Um pouquinho menos para os que entram no cheque especial.
Traduzindo: a queda nos juros continua beneficiando apenas os poderosos, aqueles que celebram altos contratos e lançam-se em mega-operações duvidosas. O coitado que precisou pagar a operação de um filho ou enfrentar a alta nas mensalidades escolares permanecerá submetido a um dos mais abomináveis assaltos do sistema financeiro. Também, coitado, não tem biografia nem parentes empregados no Senado...
Nenhum comentário:
Postar um comentário